Reflexões científicas devem ser base para combate à violência doméstica, diz educadora
Notícias TJRN 2017-11-09
Summary:
A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Phd em Direito pela Universidade Politécnica de Atenas (Grécia), Ana Lúcia Sabadell, foi uma das palestrantes, no segundo dia do IX Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid), em seu segundo dia de atividades nesta quinta-feira, 9, no Hotel Serhs, Via Costeira, zona Sul de Natal. Para a educadora, com doutorado na Alemanha, o momento requer, antes de qualquer medida legislativa, uma pausa para uma reflexão científica sobre a problemática da violência contra a mulher.
“Em geral, a preocupação se volta para a reformulação de leis. Contudo, defendemos que deve existir uma aproximação maior, cada vez mais, entre o judiciário e as comunidades acadêmicas. A reflexão científica, com seus estudos e conclusões, deve preceder qualquer ação neste sentido”, avalia Sabadell, ao trazer estatísticas internacionais, bem como sobre o Brasil, no que se volta à violência praticada contra a mulher.
Segundo os dados apresentados pela professora, extraídos da Organização Mundial de Saúde (OMS), o problema, no Brasil, só apresenta crescimento e a situação pode ser definida com um termo clínico: epidemia. “É exatamente isso”, alerta a educadora, que foi aplaudida pelos juízes e desembargadores que participam do evento. “Da década de 80 pra cá, houve um crescimento do problema em 217%”, lamenta a professora, que também foi procurada pelo Congresso Nacional para ajudar na reformulação de leis sobre o estupro.
“Há um aumento na violência sexista”, completa a professora, ao citar a estatística de uma agressão grave a cada 1 hora e 24 minutos no Brasil, que está entre os países com maior registro do problema.
“Dos 50 países nesse quadro, 14 estão na América Latina e na América do Sul”, aponta, ao definir que o caminho não é apenas tomar por base modelos europeus. Mas, refletir cientificamente a questão dos dados da OMS. “Só assim, temos uma efetividade maior”, defende.