Em busca de um novo acordo nacional

Notícias do TJMG 2022-08-01

A adesão em massa do PIB nacional em resposta às agressões de Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas antecipou movimentos de operadores políticos em Brasília em busca de um acordo entre Poderes que blinde o presidente da República. A ofensiva foi deflagrada pela manjada proposta que cria o cargo de senador vitalício para ex-presidentes, sinônimo de foro privilegiado e imunidade parlamentar.

A articulação encabeçada pelo centrão conta com a adesão de lideranças próximas do ex-presidente Lula, oriundas de partidos que, em um eventual mandato do petista, estariam bem contempladas na coalizão, como o MDB. O interesse pelo pacto de governabilidade, em meio à espera de resultados pelo Planalto sobre o impacto da ampliação de benefícios sociais e redução de combustíveis, revela que o establishment político ruma para uma mesma conclusão sobre o quadro eleitoral, a dois meses da eleição.

Um fracasso de Bolsonaro na urna não seria suficiente para deter o aumento das legendas do centrão no Congresso, a partir do ano que vem. Mas a adesão explícita cobrará seu preço nas bases parlamentares sobretudo do Nordeste – caso de Piauí, do ministro Ciro Nogueira, e Alagoas, do presidente da Câmara, Arthur Lira. Não por coincidência, esses políticos costumam dizer que Bolsonaro deveria perder mais tempo nos palanques do Sudeste. O estrago na disputa regional chegou ao ponto de o PP acionar a Justiça Eleitoral alegando ser fake news a vinculação de postulantes do bloco ao chefe do Executivo.

Em Brasília, o centrão veste o figurino que lhe interessa, de amortecedor da República, interessado em construir pontes com o Judiciário na tentativa de concertação nacional. A aposta é que a chegada de Alexandre de Moraes à presidência do Tribunal Superior Eleitoral contribui para o entendimento de bastidor, já que seriam atendidas ao menos parte das demandas bolsonaristas relacionadas à auditoria nas urnas. O aceno, pela lógica da política, seria suficiente para arrefecer a tensão com os atos do Dia da Independência em 7 de setembro.

As renovadas convocações de Bolsonaro aos protestos, por outro lado, jogam a favor do interesse do ex-presidente Lula em encerrar a disputa no 1º turno. Primeiro, ao fazer do tema democracia uma agenda que uniria apoios públicos improváveis, como de personagens importantes do sistema financeiro. Depois, pela constatação de que, para liderar de novo um projeto nacional, o PT terá de abrir mão da hegemonia que lhe é característica desde a fundação.

O mais recente enlace para acelerar o voto útil amarrou a neutralidade do União Brasil em conjuntura favorecida por desarranjos no palanque do PT em estados importantes como Bahia e Ceará, locais em que há chances de vitória dos postulantes do partido de centro detentor do maior fundo eleitoral do país.

A legenda que abriga o ex-juiz Sergio Moro foi seduzida ainda pela promessa de uma indicação ao Tribunal de Contas da União. Como resumiu um dirigente do partido, quem chega cedo bebe água limpa.