Reeleição de Bolsonaro: o que as ‘zonas de aprovação’ dizem para 2022
JOTA.Info 2020-12-18
Presidentes que estão no cargo fornecem ao eleitor a chance de um voto retrospectivo. Se o eleitor sente que o mandatário faz um bom trabalho, o mantém no poder. Mas se, por outro lado, a maior parte da população reprova o trabalho, a eleição é, por definição, o arranjo institucional para “mandar os pilantras passearem” (em inglês, “throw the rascals out“). Esta lógica se aplica a uma eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022.
Décadas de pesquisas de avaliação de governo agrupadas no Agregador de Popularidade do JOTA permitem criar “zonas de aprovação” relacionadas às chances de reeleição de um candidato.
Os dados mostram que candidatos com aprovação acima de 43% têm chances muito altas de reeleição, enquanto aqueles com reprovação acima de 43% têm baixas chances.
Hoje, a fatia da população que classifica o trabalho do governo Bolsonaro como positivo, ou seja, ótimo ou bom é de 37%, contra 34% registrados em janeiro. Já a parcela que considera o governo ruim ou péssimo (negativo) passou de 34% em janeiro para 36% em dezembro, um aumento de 2 pontos no índice.
new RDStationForms('aprovometro-1be91ffed4508b8ea3e4', 'UA-53687336-1').createForm();
O cenário que os dados apontam hoje é que Bolsonaro está ligeiramente mais próximo da zona de maior chance de reeleição, do que da zona de uma derrota eleitoral em 2022.
Mesmo assim, apenas nos três primeiros meses do seu mandato ele entrou na zona azul, e desde então não voltou mais a ela. Por outro lado, no agregador, Bolsonaro passou também cerca de três meses (entre maio e julho) na área vermelha, de baixas chances de reeleição. O que isso quer dizer?
A maior parte do tempo, o presidente está em uma zona intermediária, fora tanto da banda azul quanto da vermelha na figura acima. Ao iniciar a segunda parte do seu mandato, Bolsonaro está a cerca de oito pontos tanto para entrar na zona de maior conforto eleitoral, como para entrar na zona de maior desconforto.
O poder da caneta e da cadeira sempre dão ao presidente a vantagem de tentar controlar o timing do aumento de popularidade – mesmo que momentânea -, promovendo medidas mais próximas da eleição, por meio de gastos e de programas sociais. Por outro lado, muitas vezes a população pune o incumbente mesmo por coisas não diretamente relacionadas a ele, como um choque na economia.
Uma aposta para os próximos dois anos? O desempenho da economia e a quantidade de renda disponível para o brasileiro fará a diferença para aproximar mais Bolsonaro da zona azul ou da zona vermelha. Com um presidente concorrendo à reeleição, a posição vertical do mandatário nas zonas de conforto ou desconforto popular podem dizer muito daqui em diante.
A comparação pode ser limitada por causa das diferenças entre os sistemas eleitorais brasileiro e americano, mas o presidente americano Donald Trump foi um dos primeiros presidentes que, durante seu mandato, nunca teve aprovação acima dos 50%, enquanto sua desaprovação ficou constantemente acima dos 50%, tornando a eleição numa espécie de referendo sobre Trump.
Considerando a sua desaprovação constantemente na zona vermelha, a incomum derrota do presidente na cadeira não foi surpresa.