“Eu não quis enxergar a pessoa que ele era”, diz jovem vítima de estrangulamento com fio de celular

Consultor Jurídico 2021-03-09

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Marcela* conheceu Ricardo* ainda na adolescência e, quando ela tinha 14 anos, chegaram a namorar. Naquela época, aquele ‘amor de infância’ não resistiu ao tempo e cada um seguiu seu caminho. Anos mais tarde, já na casa dos ‘20 e poucos anos’, eles se reencontraram. O interesse do passado renasceu e eles voltaram a ficar juntos, passando a morar junto no novo apartamento dela. O relacionamento evoluiu e tiveram um filho. Contudo, ao contrário de muitas histórias de amor que nasceram ainda na infância e tiveram resultado feliz, essa ganhou um ingrediente macabro: a violência doméstica.
 
Foi apenas seis meses depois de reatarem, quando ainda morava na casa dos pais, que Marcela sofreu a primeira agressão. Ricardo chegou bêbado, eles discutiram e ele a agrediu com chutes e empurrões. Além disso, destruiu uma televisão, chegando a jogá-la no meio da rua, e o aparelho celular dela, um presente dado por dele, arremessado brutalmente contra a parede. “Registrei um boletim, ficamos separados oito meses. Reatamos com ele prometendo que isso jamais iria acontecer novamente. Nos casamos, tivemos um filho e achei que as coisas realmente fossem mudar. Mas só piorou. Ele continuou uma pessoa agressiva. Ele não mudou, só piorou”, conta Marcela.
 
Esse primeiro boletim de ocorrência foi registrado em março de 2017. Oito meses depois, após muita insistência e promessas de mudança, o casal voltou a ficar junto e se casou. Contudo, em maio de 2020, as agressões voltaram e Marcela achou que fosse morrer enforcada pelo cabo de um celular. “Ele é muito agressivo, me humilha com palavras. Usa muito da força, me enforcou. Das duas vezes, tanto na casa da minha mãe quanto na minha casa, ele me enforcou, deu chutes. Na minha casa ele pegou o cabo do carregador, colocou no meu pescoço... E eu pedindo pra (sic) soltar, senão ele me matava com o próprio carregador.”
 
Enquanto era agredida, Marcela optou por não gritar por socorro aos vizinhos, pois o filho estava dormindo no quarto e ela temia pela vida dele também. “Veio para cima de mim, me empurrou, enforcou. Deu muito chute, eu fique bastante roxa, e tudo o que eu queria era minha mãe ali”, conta a jovem.
 
“Desde esse dia, 22 de maio, eu não tive mais paz na minha vida. Não tive mesmo. Ele continuou com ameaças. Foram vários boletins. O pessoal da delegacia já até me conhecia. E o último fato que foi grave mesmo foi que ele mandou mensagem ameaçando dia 31 e no dia 1º ele veio aqui [na casa da mãe]. Foi questão de minutos senão ele me pegava aqui dentro, foi Deus que me tirou daqui. Ele quebrou tudo, quebrou moto, portão... Se ele pegasse a gente dentro de casa, matava”, revela a jovem. Por ter descumprido medida protetiva, um mês depois de invadir a casa da ex-sogra Ricardo foi preso, na cidade de Cáceres. Ele continua detido até hoje.
 
Cuidando do filho pequeno com a ajuda da mãe, Marcela lamenta não ter percebido os sinais de que o relacionamento não daria certo no início do namoro. “As pessoas me falavam ‘você viu quantos sinais você teve? Esse relacionamento foi de muitas idas e vindas. Você não quis enxergar a pessoa que ele era’. Eu não quis enxergar. Era o gênio dele, de brigar, de gritar, de ser agressivo. E às vezes a gente acha que a pessoa vai mudar e não muda. Com o tempo, ele passa a achar que você é propriedade dele. Então, quando sofrer uma agressão, denuncie. Não fique com medo. Não tenha medo.”
 
Dona Helena*, mãe da jovem, também passou a ser alvo das agressões, por meio de ameaças de morte enviadas constantemente. Além de ter a casa invadida e os pertences quebrados por Ricardo, ela diz viver com medo e chegou a cogitar vender a casa na tentativa de se sentir mais segura. “Qualquer um que vê a foto do jeito que minha filha ficou, do jeito que a minha casa ficou, não quer que eu volte para cá. Mas, se eu sair daqui, pra (sic) aonde eu vou? Se ele estiver com instinto de me matar, ele vai. De matar minha filha, vai matar”, contou a senhora, aos prantos.
 
Apesar do sofrimento vivenciado ao longo dos últimos meses, dona Helena diz que confia no

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03/09/2021, 17:15

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03/09/2021, 17:26