SCICOMPT2024: a Comunicação de Ciência em destaque na UMINHO

Projetos Open Access da Universidade do Minho 2024-05-30

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Sessão plenária de abertura do SCICOM 2024, com a Professora Emma Weitkamp,

Entre os últimos dias 8 e 10 de maio, a comunidade científica ligada à comunicação de ciência reuniu-se na Universidade do Minho, no Laboratório Ibérico de Nanotecnologia e no Centro de Ciência Viva de Braga, durante o Congresso da SCICOMPT2024. Este ano o tema do evento foi “Linguagens e vozes para uma ciência acessível”, marcando também a comemoração dos dez anos da associação, fundada em 2014.

O arranque dos trabalhos deu-se através de “workshops” práticos: sessões com vista à criação de vídeos específicos para a comunicação de ciência, literacia científica e ciência cidadã e metodologias de avaliação do impacto das atividades de comunicação de ciência.

A sessão plenária de abertura contou com Emma Weitkamp, professora de comunicação de Ciência na “University of the West of England” (Bristol), e abordou os cruzamentos entre arte e ciência na apresentação intitulada “Art-Sicence: Challenges and opportunities in bringing together different voices”. Passando por gravuras do século XVIII que ajudaram a concretizar registos da flora e fauna ou por cânones como Charles Percy Snow (o físico britânico conhecido principalmente pelo seu ensaio ‘As Duas Culturas’, no qual aborda a divisão entre humanidades e ciências, divisão que, na sua ótica, prejudica a sociedade), abordaram-se ainda várias tendências contemporâneas da arte e ciência. Entre eles o livro “Science and Theatre” (2022), de autoria da palestrante e da professora brasileira Carla Almeida.

Lourdes López Pérez, coordenadora da Secção de “Science Outreach” do Museu de Ciência “Parque de las Ciencias” de Granada, foi a responsável pela segunda sessão plenária, com a apresentação intitulada “Redefining Science Communication in the Era of Artificial Intellingence”. Sem negar a onde imparável da inteligência artificial, Lourdes apresenta o que considera “boas notícias”, citando estudos de vários autores (Crewall, Graefe, Melin, Zheng, Zhong, Yang) desenvolvido nos últimos anos: estes apontam que os textos criados por intervenção humana são considerados mais “envolventes, agradáveis e prazerosos de serem lidos”.

A última sessão plenária foi uma mesa redonda que juntou Ana Delicado (socióloga, investigadora principal no ICS-ULisboa e Professora Auxiliar Convidada no Instituto Superior Técnico), Joana Moscoso, (doutorada pelo Imperial College London e co-fundadora do projeto Native Scientists), e Eloy Rodrigues (Diretor dos Serviços de Documentação e Bibliotecas da UMinho), moderados pela jornalista de ciência do jornal Público, Teresa Firmino. O debate centrou-se na temática: “Como pode a ciência aberta contribuir para a comunicação de ciência: desafios e oportunidades”.

Contudo, realizaram-se durantes os três dias do evento várias dezenas de outras apresentações e comunicações, que envolveram quase três centenas de participantes, alargando o leque do debate para outras incontáveis abordagens, tais como literacia e divulgação científica, ciência-cidadã, diversidade, avaliação de impacto, educação, ambiente, entre outros.

 

Entrevista Minuto:

Eloy Rodrigues

(Diretor dos Serviços de Documentação e Bibliotecas da UMinho, Palestrante da SCICOM 2024)

 

  • Numa síntese extremamente condensada, como, a seu ver, a ciência aberta pode ser uma das molas-mestras para a comunicação de ciência?

A ciência aberta implica não só a abertura dos resultados de investigação (dados, publicações, etc.), mas também a abertura do próprio processo de investigação (das infraestruturas, ferramenta e métodos), incluindo a participação de outros atores sociais (a ciência cidadã ou participativa), nos casos em que isso é possível e adequado.

Por tudo isto, a ciência aberta é um facilitador, e na minha opinião uma condição necessária, para uma efetiva comunicação de ciência. Mas a ciência aberta implica também uma maior responsabilidade e cuidado na comunicação de ciência, pois exige uma melhor compreensão e explicação dos graus de robustez e validação dos diferentes tipos de resultados (dados, preprints, versões validadas por revisão por pares, etc.)  e do caráter não dogmático e sempre provisório do conhecimento científico.

 

  • Como dirigente de uma unidade que promove e suporta a ciência aberta na UMinho, acredita que poderia trazer um contributo para uma melhor e mais eficaz comunicação de ciência?

A comunicação de ciência, e o envolvimento de atores sociais fora da academia, nos processos de criação e disseminação do conhecimento, requer várias competências e ferramentas, que frequentemente não se encontram reunidas numa única unidade de investigação ou de suporte. Por isso, independentemente do modelo organizacional, será sempre útil e necessário coordenar os contributos e competências que existem na UMinho. Por exemplo, no caso da USDB, nós podemos certamente reforçar a nossa intervenção, com base na sólida experiência que no domínio da formação e capacitação, bem como nos serviços e infraestruturas de suporte, para a ciência aberta, que serão certamente úteis no contexto da comunicação de ciência e na promoção da ciência cidadã e participativa.