Por uma comunicação de ciência mais inclusiva e eficaz

Projetos Open Access da Universidade do Minho 2025-07-23

Relatório COALESCE

O COALESCE, projeto financiado pela União Europeia, referência na compilação de casos de sucesso relativos à comunicação de ciência, publicou no final de junho a mais recente atualização do seu relatório estratégico, intitulado “Policy Brief on Excellent Science Communication for Society at Large through Informal Activities”.

O trabalho propõe um conjunto de recomendações para mudar a forma como a ciência é comunicada para fora dos muros da academia, quer seja em museus, centros de ciência, festivais e outras iniciativas informais.

O objetivo é bastante claro: fazer com que a comunicação científica seja mais inclusiva, participativa e alinhada com os desafios sociais e tecnológicos do presente. A proposta ganha pertinência especialmente porque é apresentada no momento em que a confiança do público na ciência enfrenta “tensões” e “desconfianças”. Temas como alterações climáticas ou inteligência artificial exigem, com urgência, novas formas de diálogo entre ciência e sociedade

O relatório baseia-se em três casos de laboratório participativos, realizados com cerca de 80 profissionais da área, além de uma análise aprofundada de oito projetos europeus anteriores. Entre os temas abordados estão o clima, os ecossistemas aquáticos e a inteligência artificial. Estes serviram como base para identificar obstáculos a serem enfrentados especialmente pelas organizações como um todo.

Os desafios por enfrentar variam desde a falta de diversidade nas audiências, a dificuldade em “equilibrar” educação e diálogo, uma certa escassez de formação especializada para profissionais da área, até um sentimento de impotência do público perante as crises globais. A desconfiança em relação à ciência e a ausência de quadros regulatórios claros para tecnologias emergentes como a IA emergem como os principais destaques.

Para responder a esses problemas, o relatório propõe cinco linhas de ação: tornar as atividades mais inclusivas; promover um diálogo com o público num tom informal e acessível; investir em formação especializada; fomentar abordagens colaborativas com múltiplos atores sociais, e, finalmente, integrar práticas reflexivas nas organizações.

São defendidos pontos de vista tangentes à ciência cidadã, propondo que comunidades marginalizadas sejam envolvidas na co-criação de atividades, e não apenas tratadas como mero público-alvo. Sugere que instituições científicas reconheçam o valor da comunicação informal como parte integrante da sua missão, e que sejam criados centros facilitadores para a troca de conhecimento entre cientistas, comunicadores, decisores políticos e cidadãos.

Mais do que um relatório, este “Policy Brief” é um “documento vivo”, que deverá continuar a evoluir ao longo do projeto, que se estenderá até 2027.

O documento, cuja leitura recomenda-se a todos os interessados nas temáticas científicas abordadadas, pode ser consultado no Zenodo: https://zenodo.org/records/15788271