A comunicação de ciência no combate de problemas sociais

Projetos Open Access da Universidade do Minho 2025-09-03

Máximo del anterior eclipse total, el 8 de abril de 2024, visto desde Lago Monroe (Indiana EE UU) cuando la luna tapó el sol en el cielo.

Espanha será palco, em 2026, de um evento astronómico raro: um eclipse solar total, visível em grande parte do país, porém mais vincadamente nas regiões menos povoadas do país, na dita “España vaciada”. Para além do interesse entre a comunidade científica astronómica, o fenómeno tornou-se um catalisador de uma mobilização governamental inédita, com a criação de uma comissão interministerial que envolve áreas como ciência, turismo, educação, saúde e defesa, noticia o jornal “El Pais”.

O que este evento revela é  o poder da comunicação científica como ferramenta de coesão social e desenvolvimento territorial. A observação segura e informada do eclipse exige mais do quea simples logística. Requer uma estratégia de comunicação que traduza conhecimento técnico em linguagem acessível, envolvente e culturalmente relevante. A ciência, quando comunicada com clareza e propósito, deixa de ser um domínio exclusivo dos especialistas e  transforma-se num bem público, capaz de gerar curiosidade, confiança e participação cidadã.

Neste contexto, as autoridades espanholas entendem que o eclipse de 2026 (que numa conjuntura relativamente rara se repetirá também em 2027 e 2028 com diferentes intensidades) poderá ser uma oportunidade, já que o “apagão” momentâneo no céu pode “iluminar” as zonas mais esquecidas no mapa, já que o país será o único sítio no mundo que garante a observação do eclipse total. A expectativa é que muitos visitantes acorram às regiões rurais de Espanha, ajudando a revitalizar a economia local, além de fomentar a conexão entre ciência e sociedade. Escolas, autarquias e comunidades locais são protagonistas que poderão estar na linha de frente na divulgação científica.

A comunicação científica eficaz não apenas informa, mas também empodera. Ao envolver cidadãos na compreensão dos fenómenos naturais, promove literacia científica, combate a desinformação e reforça o valor da evidência, num mundo que vive presentemente  saturado de ruído. Mais ainda, pretendem as autoridades espanholas, pretende ser uma alavanca para uma melhor justiça territorial, ao levar conhecimento e oportunidades a regiões historicamente marginalizadas.

O eclipse de 2026 será breve, mas os seus efeitos podem vir a ser duradouros. Assim como este evento apresenta ligações entre academia e sociedade, muitas outras pontes podem revelar-se, sendo, por agora, contudo, relativamente inédita a mobilização das autoridades em prol de melhor “contectar” o binómio ciência-desenvolvimento.

A matéria completa no periódico “El Pais” pode ser lida em:  https://elpais.com/ciencia/2025-08-28/arranca-la-comision-del-gobierno-para-el-eclipse-de-agosto-de-2026-un-evento-masivo-en-la-espana-vaciada.html