Ciência (Aberta) como um “motor de paz”
Projetos Open Access da Universidade do Minho 2025-11-12
A UNESCO promove desde 2002 o Dia Mundial da Ciência e da Paz a 10 de novembro e dedica mesmo toda esta semana, entre 9 e 15 de novembro de 2025, ao foco em soluções práticas.
Esta iniciativa integra a Década Internacional da Ciência para o Desenvolvimento Sustentável (2024-2033), que busca restaurar a confiança na ciência e promover sociedades mais inclusivas e resilientes. Em um cenário marcado por crises ambientais, desigualdades sociais e tensões geopolíticas, a ciência tem de, cada vez mais, desempenhar um papel cimeiro na construção de soluções que garantam paz e sustentabilidade.
O tema escolhido para este ano — “Confiança, Transformação e Amanhã: A ciência de que precisamos para 2050” — reflete a urgência de alinhar e melhorar a relação com a sociedade, não podendo haver paz sem justiça cognitiva, o que significa garantir acesso equitativo ao conhecimento científico. Aqui a Ciência Aberta ganha especial relevo: desde a partilha de dados, metodologias e resultados sem barreiras econômicas ou geográficas. Ao democratizar o acesso ao saber, a ciência aberta reduz assimetrias de poder e cria condições para uma colaboração genuína entre países e comunidades.
A importância da comunicação científica também é central, pois tornar a ciência compreensível e acessível ao público é essencial para combater a desinformação e fortalecer a confiança social. A organização alerta que a falta de diálogo entre a ciência e a sociedade alimenta polarizações. Investir em estratégias de comunicação eficazes é tão importante quanto produzir conhecimento, sendo preciso envolver os cidadãos em decisões informadas e promover uma cultura de paz, baseada no diálogo.
Essa construção tem outro “pilar” no desenvolvimento da Ciência Cidadã, onde os projetos desejavelmente ganham contornos colaborativos, a envolver comunidades na coleta e análise de dados e a ampliar a base de conhecimento, fortalecendo laços sociais. Ao integrar saberes locais e científicos, a ciência cidadã contribui para soluções, ao passo que reduz as tensões e promove a cooperação.
Apesar de todos os avanços, persistem desafios. O comunicado da UNESCO (que pode ser acedido aqui) alerta para as barreiras estruturais existentes, como os custos elevados de publicação e a falta de infraestrutura para os dados abertos, que limitam a participação de países em desenvolvimento. Superar esses obstáculos exigirá políticas públicas robustas, financiamento adequado e uma mudança cultural que valorize a colaboração acima da competição.
Entre os objetivos alcançados e as ameaças globais, há uma certeza de que a Ciência Aberta, a Comunicação Científica e a Ciência Cidadã não são meros conceitos técnicos, mas estratégias decisivas para construir sociedades mais justas e onde a paz prevaleça, garantindo que o conhecimento não se resuma apenas à inovação, mas seja antes um bem comum, elencando esperança e cooperação global.
