Estudo sobre comportamentos de pesquisa de informação e Ciência Aberta entre decisores políticos

Projetos Open Access da Universidade do Minho 2021-12-16

No âmbito do projeto ON-MERRIT procedemos a um estudo sobre comportamentos de pesquisa de informação e Ciência Aberta entre decisores políticos – D5.2 Uptake of Open Science in Information Seeking practices in policy-making – , onde procurámos compreender os métodos utilizados por estes para encontrar informação para apoiar a sua tomada de decisão, nas áreas da Agricultura, Clima e Saúde.

Para o efeito lançámos um questionário destinado a membros do Parlamento, ministros e secretários de estado a nível europeu (EU-27 e Reino Unido) e um estudo de caso nacional em que fizemos entrevistas a membros do governo e parlamentares portugueses sobre o recurso a fontes de informação em Ciência Aberta na pesquisa de informação.

Foi possível concluir que a Ciência Aberta é considerada como benéfica para a ciência e a sociedade, mesmo quando foram expressas algumas reservas relativamente a questões de propriedade intelectual, e destacada a necessidade da literacia de informação e literacia digital para destrinçar conteúdos científicos e combater fenómenos como as fake news.

Os métodos de pesquisa de informação usados são diversos, não sendo possível provar categoricamente que o acesso aberto à literatura científica aumenta a sua utilização por parte dos decisores políticos, apesar de muitas das fontes frequentemente usadas se enquadrarem nesta categoria.

Por outro lado, mesmo corroborando parcialmente algumas descobertas da revisão bibliográfica feita anteriormente (D5.1 Scoping Report: Open Science Outputs in Policy-Making and Public Participation), nomeadamente que os decisores políticos preferem receber informação através de redes pessoais em vez de literatura científica, o caso de uso nacional português veio contradizer a clássica separação entre investigadores, resultados científicos e decisores políticos (“evidence-policy gap”), através da existência de “parlamentares técnicos”, ou seja, políticos recrutados de, e ainda mantendo, uma forte relação com o meio académico.

Estes decisores políticos são frequentemente capazes de procurar, encontrar e utilizar informações científicas (incluindo literatura primária), que consideram fundamentais para o desenvolvimento de políticas, e fazem uso de vários procedimentos de consulta de peritos, envolvendo, mas não se limitando a, instituições académicas.