Agosto lilás: magistradas participam de lives promovidas pela Rede de Frente de Sinop
Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso 2021-08-11
Summary:

“É muito triste verificar que neste mesmo período Sinop já registrou três feminicídios, isso sem falar na subnotificação de violência doméstica. Há estudos que apontam que certa de 50% das agressões contra mulher não são levados ao conhecimento das autoridades Isso é muito preocupante”, alerta a juíza. “É uma incongruência as Lei Maria da Penha completar 15 anos e ainda observamos estes dados”, comentou.
Debora Caldas começou o debate explicando a escolha da cor lilás para a campanha nacional pelo fim da violência contra mulher. “Lilás é a junção de duas cores primarias: o azul e o vermelho, significando igualdade de gênero. E o Agosto Lilás se tornou uma campanha nacional de conscientização, durante todo mês são realizadas diversas atividades e eventos para discutir estratégias para o fim da violência doméstica”, citou.
A magistrada abordou ainda temas como a cultura do machismo que contribui para o aumento de casos de violência contra a mulher, citou os cinco tipos de violência trazidos pela Lei Maria da Penha (Física, Psicológica, Sexual, Moral e Patrimonial) e destacou o trabalho realizado em rede que vem crescendo na comarca e auxiliando as vítimas.
“Cada um dos parceiros da Rede de Enfretamento já atuava, mas de forma individual Agora estamos trabalhando de forma articulada em quatro eixos principais: punição do agressor, por meio da PM e judiciário; prevenção com blitz educativas e palestras; assistência às vítimas, com acolhimento e encaminhamentos; e garantia de direitos, pela atuação da OAB, Defensoria e judiciário”, resume a magistrada.
A juíza teceu comentários sobre os avanços nesta luta, que recentemente comemorou a promulgação da lei que tornou obrigatória a campanha “Sinal Vermelho” e tipificou o crime de violência psicológica.
No mesmo perfil do Instagram, também falou a desembargadora Clarice Claudino da Silva, que abordou a ‘Comunicação Não-Violenta sobre o Enfoque da Diminuição da Violência Doméstica’. “Esta é uma oportunidade de levar mais conhecimento e informações e gerar autoconfiança em todas as mulheres. Principalmente quando os números demonstram tantas discórdias com resultados negativos para as mulheres.”
A magistrada explicou ainda que a comunicação não-violenta (CNV) é uma metodologia de comunicação eficiente que evita discórdias. “Ter conflito é natural do ser humano, mas nós precisamos de habilidade para evitar esses conflitos. Toda moeda tem verso e inverso. É por meio do conflito que o ser humano cresce e progride. Se não tivermos nem um tipo de problema na vida perdemos a razão de estar vivos. É uma forma muito simples, mas trabalhosa de reorganizarmos nossa fala. É um desaprendizado seguido de um novo aprendizado.”
A desembargadora também apontou e exemplificou os quatro elementos da CNV. O primeiro é a Observação, “que nos permite sair do hábito de julgamento da dualidade. Ela exemplificou que é necessário retirar os julgamentos e as acusações na hora de conversar. Observar é constatar uma situação sem colocar elementos qualificadores. Por exemplo: Eu vejo que você utiliza uma blusa escura é uma observação e não desperta nada de ruim fazendo com que a pessoa se conecte com você. Mas se eu falo: Eu vejo que você usa uma blusa escura que não lhe cai muito bem. Eu te julgo e te afasto de mim.”
O segundo elemento é a Necessidade. “todo mundo tem necessidade de se abrigar, comer e vestir. Respeitar a necessidade do outro é importante, traz conexão e evita brigas.” Já o terceiro é o Sentimento. “É necessário estabelecer conexão verdadeira, respeitando aquilo que está vivo em cada ser humano e entendendo os sentimentos que são gerados. A gama de problemas e de conflitos humanos é muito variada, mas ela tem como centro sempre nossas dificuldades de comunicação.”
O quarto elemento é o Pedido. “É necessário se conectar com as dificuldades das pessoas e abstrair o julgamento da situação. Por exemplo, sair de casa e deixar a louça limpa é um ponto de discórdia recorrente em casa. Então, se eu falo: eu tenho observado que