Inventário é solucionado através da conciliação após 25 anos de tramitação na Comarca de Araçagi

Tribunal de Justiça da Paraíba 2018-04-20

Após um período de 25 anos de tramitação processual, um inventário da Comarca de Araçagi foi homologado através da conciliação, no último dia 18. De acordo com o juiz titular Fábio Brito de Faria, a demora na tramitação deu-se pelas investigações de paternidade suscitadas, após a deflagração do inventário, que ocorreu 10 anos do falecimento do de cujus, bem como, a postura de conflito dos herdeiros. Após 3 horas de audiência, o magistrado conseguiu por fim à ação.

O inventário era de um senhor que tinha duas famílias, e 11 filhos. Durante a tramitação do feito, três pessoas suscitaram serem filhos do falecido e solicitaram o teste de DNA, o que foi inviável, pelo fato de já ter se passado 10 anos do falecimento do mesmo. “Tivemos que levar a investigação de paternidade até o final, mas não foi possível fazer o DNA por falta de material genético suficiente. Dentre as provas apresentadas, apenas um desses postulantes foi considerado filho verdadeiro”, disse o magistrado.

Fábio Brito destacou o método utilizado para solucionar o conflito. “Quando cheguei em Araçagi, tive como meta resolver os diversos inventários que se encontravam aqui na Comarca. A metodologia foi trabalhar os mais complicados um a um, marcando uma audiência por dia, para que focássemos, apenas, nesses processos, para que a atenção do juiz, dos advogados e de todos, estivesse voltada somente para essas ações”, pontuou. O magistrado ressaltou que essa forma de trabalhar está surtindo efeito, e a unidade está conseguindo baixar processos relacionados a esse tema.

Ele frisou, ainda, a habilidade de conciliação desenvolvida durante a audiência, oportunidade na qual explicou aos inventariantes que o impasse entre eles impedia a tramitação processual, pois já havia, inclusive, um comprador para o terreno, objeto do inventário, e que a postura de combate levava a todos a não ter a disponibilidade do dinheiro.

“Durante esta audiência, procuramos ver, também, qual era o conflito não aparente, e depois de analisar bem, identificamos que eram questões familiares. Conseguimos mostrar a eles que a briga patrimonial não resolveria essas questões. E, mantendo esse processo, eles iriam sempre reviver esse conflito familiar de décadas, gerando um desgaste emocional e financeiro, pois vários deles não moram na cidade”, destacou.

O magistrado ressaltou a importância da conciliação em processos dessa natureza. “Ficamos muito satisfeitos com o resultado, pois, depois de tanto tempo, e com um tema tão delicado, conseguimos homologar um acordo em que todos saíram contemplados”.

Por Tatiana de Morais