Cejusc Fortaleza realiza primeira oficina destinada a pais e mães sobre parentalidade responsável
Notícias – TJCE 2025-05-23
“Por trás de mim, estão todos os meus ancestrais me dando força”. A afirmação abriu a primeira Oficina de Pais e Mães, do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania de Fortaleza (Cejusc Fortaleza). Com o tema “Quando o amor se torna arma: reaprendendo a cuidar com responsabilidade”, o encontro, realizado na Casa da Criança e do Adolescente, no bairro São João do Tauape, em Fortaleza, reuniu pais e mães para debater temas como comportamentos potencialmente prejudiciais aos filhos, formas de educar crianças e adolescentes e alienação parental.
A coordenadora do Cejusc da Capital, juíza Suyane Macedo de Lucena Bastos, destacou que a ação está inserida no contexto da campanha de “Maio Laranja”, criada com o intuito de chamar a atenção da sociedade para o combate e a prevenção de diversas formas de violência praticadas contra crianças e adolescentes. “A Oficina tem por objetivo proporcionar um momento de reflexão a respeito do exercício da parentalidade de forma responsável, o que repercute em vínculos familiares mais sólidos, conferindo maior proteção à infância. Eventos como esse reforçam o papel da família como núcleo de afeto e proteção”, detalhou a magistrada, que também é titular da Vara Especializada em Crimes contra a Criança e o Adolescente (VECCA).
Os participantes do evento foram convidados a refletir sobre o próprio passado, compreendendo diferentes maneiras com as quais o que foi vivido pode estar influenciando no presente, além de terem compartilhado experiências e dificuldades pessoais. “A oficina é um lugar de acolhimento, de reflexão. Queremos que compreendam que, independente do que se passe, positivo ou não, tudo deixa uma marca, e então, pensem sobre o que querem deixar para os seus filhos. As questões envolvendo um divórcio são tão pesadas e dolorosas, que às vezes, eles não conseguem perceber que estão magoando quem eles mais gostam: os filhos”, explica a psicóloga do Cejusc Fortaleza, Mônica Sant’Ana Mantini.

NOVAS PERSPECTIVAS
Com lágrimas nos olhos, L.K* lembra de dores ainda não superadas. “É impossível não fazer uma autoavaliação com essa dinâmica. Eu tenho dois filhos e pude ver que, tanto na educação como em outras áreas, deixam-se marcas, e talvez eu tenha deixado”, ponderou o autônomo, acrescentando que momentos de discussão como este são valorosos, inclusive, no âmbito dos processos judiciais.
B.N* acredita que a Oficina viabilizou maior sensibilização quanto ao entendimento sobre a alienação parental. “É uma proposta de orientar a parte subjetiva. Acho que vai impactar a nossa vida para que pensemos um pouco em relação às questões do cotidiano”, avaliou.
MAIO LARANJA
Entre as dinâmicas, mães e pais também puderam aprender mais sobre a importância da campanha de “Maio Laranja”, que acontece todos os anos em nível nacional. “Maio se tornou o mês em que várias ações são direcionadas para dar visibilidade a esse problema que, infelizmente, é uma realidade para muitas famílias brasileiras. Nem tudo chega ao Judiciário, muitas vidas ainda se perdem ou são transformadas negativamente por falta de denúncias. Por isso, convocamos toda a sociedade, pois o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes é uma obrigação coletiva”, alertou a juíza Suyane Macedo.
No Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o Núcleo de Depoimento Especial (Nudepe) em parceria com o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e da Rede ECPAT Brasil são responsáveis pela coordenação das iniciativas.
O Nudepe seleciona e monitora o trabalho de entrevistadoras e entrevistadores forenses, para que crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de situações de violência disponham de escuta humanizada e efetiva. Juntos, o Núcleo e a Assessoria de Comunicação do TJCE criaram cartilha lúdica para explicar o funcionamento do Depoimento Especial, clique AQUI para saber mais.
DENÚNCIAS
Suspeitas relacionadas à violação de direitos de crianças e adolescentes podem ser denunciadas à Secretaria dos Direitos Humanos, pelo Disque 100 ou pelo WhatsApp (61) 99656.5008; À Polícia Militar, pelo canal 190; Ao Conselho Tutelar de Fortaleza, pelo número (85) 3238.1828; À Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente, que atende pelos números (85) 3101.2044/2045; Ao Ministério Público estadual, pelo canal 127; Ou para a Casa da Criança e do Adolescente, pelos telefones (85) 87360.4088 e (85) 98976.8946.
*Iniciais fictícias para preservar a identidade dos personagens