Reintegração social: Parceria do TJCE com instituto possibilita reaproveitamento de mais de 700 bonés por meio da customização
Notícias – TJCE 2025-07-29
No ateliê de costura, os bonés ganham novos elementos de moda, como os lenços. O toque de estilo foi trazido pela jovem Ellen Vitória Orlando Farias, que se inspirou em influenciadoras digitais. “É muito bom a gente poder pegar essas referências e fazer do jeito que quiser”, destacou a facilitadora do Instituto de Assistência e Proteção Social (Iaps), parceiro do Poder Judiciário do Ceará na customização dos acessórios.
A supervisora do Núcleo de Apoio às Varas de Execução Penal (Nuavep), Silvana Cavalcante, explica que os mais de 700 bonés foram apreendidos por falsificação e ficaram à disposição da Justiça estadual, mas precisavam ser descaracterizados para utilização. “A gente está muito feliz com essa parceria porque eles têm a mão de obra, têm um espaço físico, e a gente tem um material que ia ser descartado. A ideia é que parte desse material que é produzido seja utilizado tanto por egressas e egressos do sistema penal e seus familiares, como também pela comunidade do entorno do Iaps”, ressaltou a supervisora, que nesta segunda-feira (28/07) visitou o Instituto.
Silvia Helena e Rairenice Bento, que são colaboradoras do Iaps na área de costura, trabalham com Ellen Vitória na customização dos acessórios. Além dos lenços, elas utilizam aviamentos, bordados e pinturas, criando modelos de bonés que agradam pessoas de todas as idades. “Tá sendo transformador, não só pros bonés, mas pra gente também, porque a gente pode colocar essa criatividade em prática, a gente pode pegar várias referências de modelos e soltar pra fora a arte que tá ali presa na gente, que às vezes a gente não usa no nosso dia a dia, a gente tá colocando nesses bonés”, acrescentou a jovem Ellen Vitória.
A transformação dos acessórios ainda ganhou a participação da presidenta do Instituto, Simone Fernandes Oliveira, que destacou a importância de mais uma ação com o Poder Judiciário. “Era uma coisa muito triste: produtos como esses, que a gente sabe que todas as nossas bases, todo o nosso público necessita verdadeiramente, de serem incinerados. Eu me prontifiquei junto com a equipe toda de fazer essa customização, usando voluntários aqui da casa, usando mãezinhas envolvidas aqui no projeto, e é uma coisa que está dando certo. Tudo isso é motivo de orgulho para mim e o que a gente puder estender a mais, nós iremos”, afirmou a presidenta, com a intenção de ampliar a parceria para, em breve, aproveitar outros materiais apreendidos pela Justiça.

Segundo a supervisora do Nuavep, a ideia da Diretoria do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), responsável pela autorização da destinação dos materiais apreendidos, é incluir roupas e calçados. “As pessoas nos procuram porque vão para uma entrevista de emprego e há ausência, às vezes, de uma roupa, ou mesmo que elas possam utilizar no seu cotidiano. Então, a intenção é que a gente receba outros tipos de materiais de investimentos, sapatos que possam ser customizados”, disse Silvana Cavalcante, salientando o interesse de envolver pessoas assistidas pelo Programa Um Novo Tempo nas customizações. Como o Iaps oferece oficinas de tecnologia, outra possibilidade é fazer a destinação desses materiais também.
A psicóloga Socorro Fagundes, que atua no Nuavep, reforçou que o engajamento de egressas, egressos e familiares na customização de roupas e acessórios, bem como em cursos de capacitação, é etapa essencial na ressocialização. “Isso é um trabalho social, é um trabalho psicológico muito importante para a relação deles com a família e com a sociedade. Então a ideia é não só utilizar esses produtos, levar o que já está sendo customizado, como também fazer com que as pessoas que estão em ressocialização possam aprender a customizar. Nosso objetivo depois é engajar pessoas aqui para trabalhar nessa customização, refazendo esse material para que possa ser utilizado”.
UM NOVO TEMPO
Desenvolvido pelo Tribunal de Justiça do Ceará, por meio das Varas de Execução Penal de Fortaleza, o Programa Um Novo Tempo reúne vários projetos que oferecem capacitação, encaminhamento ao mercado de trabalho, estudo formal, cultura, acolhimento e vivências restaurativas. A finalidade é promover a ressocialização de apenadas(os) e egressas(os) do sistema prisional, contribuindo para diminuir os índices de reincidência criminal. À frente do programa estão os juízes Raynes Viana de Vasconcelos, Luciana Teixeira de Souza, Cézar Belmino Barbosa Evangelista Junior e Fernando Antônio Pacheco Carvalho Filho, que atuam na Execução Penal. A desembargadora Maria Ilna Lima de Castro é a supervisora do Comitê Gestor do Programa Um Novo Tempo e a responsável pelo Núcleo de Apoio às Varas de Execução Penal (Nuavep).