Articulação do Judiciário garante Rede de Proteção para acolhimento às mulheres vítimas de violência
Notícias – TJCE 2021-03-25
Summary:
Fragilizada, Eliane* enxerga uma luz no fim do túnel graças ao apoio e acolhimento que encontrou após sofrer agressões psicológicas e físicas do marido. O amparo que tanto precisa chega em forma de serviços gratuitos por meio da Rede de Proteção e Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e Familiar, graças a articulação do Poder Judiciário de Mato Grosso que tem trabalhado para buscar atuação em conjunto entre poderes e instituições e garantir a aplicação dessas políticas públicas. A Justiça estadual está ao lado das mulheres vítimas de violência doméstica. A vida recomeça quando a violência termina: quebre o ciclo.Em Cuiabá, parceria entre o Tribunal de Justiça de Mato Grosso e Prefeitura municipal possibilitou a criação do Espaço de Acolhimento às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, que funciona no Hospital Municipal de Cuiabá. O local funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo feriados e fins de semana, com equipe multidisciplinar. A vítima de violência pode ir diretamente ao local e lá tem respaldo jurídico, psicológico e de assistência social.
Foi o que aconteceu com Eliane*, que foi passou pelo Espaço e se sentiu segura e acolhida. “Conheci uma pessoa mais nova que eu, me envolvi amorosamente e com o tempo começou a me agredir verbalmente, moralmente e fisicamente. Numa das brigas acabei perdendo 15% da minha visão. Drogado ele vinha me bater. Ao mesmo tempo em que queria sair da situação não tinha oportunidade, não tinha apoio. Vai fazer um ano que nos separamos e agora encontrei ajuda no Espaço, me senti melhor, as pessoas são acolhedoras, me escutam, posso expressar verdadeiramente o que eu sinto dentro de mim. Isso é muito importante e é o que uma mulher precisa.”
Depois de sofrer tanta violência, agora Eliane cuida de si para tentar minimizar as marcas do corpo e da alma. “Procuro tirar isso de dentro de mim e poder passar pra outras pessoas que sofrem as mesmas coisas que não é por falta de coragem, mas de oportunidade, por não conhecer, não saber que tem ajuda, mas tem. Mulheres que sofrem violência não se calem, procurem auxílio e um meio de se libertar antes que as coisas fiquem piores. A gente pensa que a pessoa vai mudar, que não vai voltar a fazer mas faz e às vezes até pior, como no meu caso, que saí lesionada, mas a ferida que está dentro de mim, para cicatrizar só o tempo e às vezes, nem o tempo.”As redes de apoio para mulheres em situação de violência doméstica são fundamentais para que reencontrem a autoestima e busquem sua autonomia financeira e pessoal.
Juíza da Segunda Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá Tatiane Colombo destaca as ações que o Judiciário estadual realiza no enfrentamento á violência doméstica. “O Tribunal de Justiça de Mato Grosso, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar no âmbito do TJMT (Cemulher) tem essa ligação com as redes e está participando da criação das redes em todo o Estado, onde essas vítimas serão acolhidas e direcionadas para tratamento, reinseridas na sociedade e entenderem o seu lugar e o contexto em que vivem.”Espaço de Acolhimento às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica de Cuiabá - a vítima pode buscar apoio na unidade mesmo antes de registrar uma denúncia formal perante as instituições de Segurança Pública. O Espaço da Mulher conta com sala de acolhimento infantil, sala de aconchego, sala para atendimento médico, além de recepção e banheiros.
A coordenadora do local, Thayssa Ferraz da Gama conta que a maioria das mulheres que lá chegam é em decorrência de violência psicológica, patrimonial e física. “Se a mulher chegar por demanda espontânea, íntegra fisicamente falando, mas buscando resgate emocional vamos levantar se ela tem boletim de ocorrência registrado ou se já formalizou medida protetiva, se tem