Reeducandos do projeto Ressocializar Para Não Prender concluem tratamento na Casa do Oleiro
Poder Judiciário 2018-04-17
Dois reeducandos beneficiários do projeto Ressocializar Para Não Prender, desenvolvido pela Central de Inquéritos da Comarca de Teresina, participaram, nesta quinta-feira (12), da solenidade de conclusão do processo terapêutico na comunidade Casa do Oleiro, na Capital. O ato, que marcou também o aniversário de sete anos da entidade, contou com a presença da juíza auxiliar da Corregedoria Geral Justiça, Melissa Pessoa, do juiz da Central de Inquéritos, Luis de Moura, e da juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude de Teresina, Maria Luísa Mello Freitas. Ao todo, 30 formandos participaram da solenidade de ontem: 21 homens, seis mulheres e três adolescentes.
O Ressocializar Para Não Prender é uma iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, por meio do qual formou-se uma rede de apoio social, com a participação de diversos órgãos governamentais e privados, voltada ao fornecimento de tratamento voluntário para alcoolismo e toxicomania em instituições terapêuticas (Casa do Oleiro e Fazenda da Paz), além de propiciar a inserção no mercado de trabalho, mediante oferta de capacitação e vagas em empregos formais.
Seus beneficiários são indivíduos envolvidos na prática de crimes e com envolvimento com drogas, colocados em liberdade durante Audiência de Custódia e que, após entrevista com equipe multidisciplinar (assistentes sociais, psicólogos, médico psiquiatra), apresentam perfil compatível com o projeto.
Segundo o juiz Luís de Moura, o “Ressocializar Para Não Prender” surgiu da necessidade de “criar uma rede de apoio para que essas pessoas, muitas das quais em situação de rua, pudessem receber uma assistência que as retirasse do quadro de vulnerabilidade em que se encontravam e não voltassem a delinquir, restituindo a dignidade”. O projeto tem como diferencial o fato de oferecer inclusão social às pessoas envolvidas na prática de crime fora das Unidades Prisionais, tratando a questão das drogas como problema de saúde pública.
O projeto é executado em parceria com Ministério Público e Defensoria Pública do Estado do Piauí, Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Piauí, Governo do Estado (Coordenadoria de Enfrentamento às Drogas e Secretarias Estaduais de Assistência Social e Cidadania, de Segurança Pública, de Educação e de Justiça), Prefeitura Municipal de Teresina (Fundação Municipal de Saúde, Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social de Teresina e Fundação Wall Ferraz); Sistema “S e Federação Piauiense de Futebol.
Nova vida
Emanuel Ferreira de Lima, de 22 anos, é um dos beneficiários do projeto, que, após Audiência de Custódia realizada no dia 19 de setembro de 2017, foi encaminhado à Casa do Oleiro. Preso por roubo, Emanuel era usuário de drogas desde 2010, tendo sido dependente de maconha, crack e fármacos. “Quando cheguei, foi muito difícil. Passei alguns dias chorando, não queria ficar. Hoje, vejo que tive uma grande oportunidade (o encaminhamento à comunidade terapêutica)”, afirma.
Após receber o diploma de conclusão do tratamento, Emanuel se disse esperançoso em relação a um futuro melhor. “A gente sai daqui com o lado espiritual elevado, conhecendo a palavra de Deus. Meu sonho agora é ter uma oportunidade de emprego”, resume. “Eu já tinha dado meu filho como morto. Ele passou oito dias desaparecido. Estou muito emocionada e muito feliz. é um resgate mesmo”, acrescenta a dona de casa Maria de Lourdes Ferreira Lopes, mãe de Emanuel.
Casa do Oleiro
A comunidade terapêutica Casa do Oleiro foi criada em 12 de abril de 2011, possui capacidade para atendimento de 220 dependentes químicos (álcool e drogas) em três unidades: masculina, feminina e adolescente. O tratamento tem duração de seis meses, sendo dividido em três etapas. A acolhida acontece em regime residencial temporária e é baseada em atendimento multidisciplinar, apoio psicológico e espiritual, reestruturação de vínculos familiares (inclusive com atividades direcionadas especialmente às famílias dos reeducandos).
Diretor da Casa do Oleiro, o pastor José Gouveia de Oliveira ressaltou a importância das parcerias para a efetividade no trabalho realizado na comunidade, especialmente com o TJ-PI, por meio da Audiência de Custódia e das Varas da Infância e Juventude. “As pessoas que chegam aqui por meio da Audiência de Custódia nos alegra muito o coração porque ganham uma nova chance no momento em que já estavam partindo além do vício e entrando para a criminalidade”, declara.