Metapneumovírus (HMPV): entenda os riscos do vírus que preocupa autoridades
JOTA.Info 2025-01-08
O aumento no número de infecções respiratórias na China nas últimas semanas tem preocupado as autoridades de saúde. Nesta terça-feira (7/1), o Ministério da Saúde declarou que está acompanhando o surto de metapneumovírus humano (HMPV) e mantém comunicação com a autoridade sanitária chinesa. Embora não haja um alerta internacional para o HMPV, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que há relatos de hospitais superlotados.
O HMPV é um vírus respiratório comum, que pode circular com facilidade entre o período do inverno e da primavera. Segundo a OMS, a maioria das pessoas infectadas apresenta sintomas leves, similares aos de um resfriado comum, mas há casos raros de hospitalização devido a pneumonia ou bronquite. As autoridades chinesas alegam que o surto recente de infecções respiratórias não está fora do usual e desmente as alegações de superlotação no sistema de saúde local.
Para o coordenador-geral de Vigilância da Covid-19, Influenza e outros Vírus Respiratórios do Ministério da Saúde, Marcelo Gomes, mesmo com o baixo risco de uma pandemia, é necessário reforçar as medidas de controle. Ele afirma que a imunização contra a Covid-19 e a gripe é uma das maneiras mais eficazes de prevenção.
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“As vacinas contra Covid-19 e influenza continuam sendo eficazes contra formas graves, reduzindo o número de hospitalizações e óbitos pelas variantes em circulação. Além disso, o uso de máscaras por pessoas com sintomas gripais e resfriados ajuda a diminuir a transmissão de todos os vírus respiratórios, inclusive o metapneumovírus”, explicou Gomes, em nota publicada pela pasta.
O que está acontecendo na China
Segundo os dados mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China (CDC da China), houve um aumento vertiginoso das infecções respiratórias agudas nas últimas semanas, com detecções de gripe sazonal, rinovírus, RSV e metapneumovírus (HMPV). O monitoramento do CDC sobre os casos de síndrome gripal identificou que os principais patógenos do surto — organismos que podem causar infecções — foram o vírus da gripe, metapneumovírus humano (HMPV) e rinovírus.
As autoridades chinesas destacaram que o aumento dos casos está dentro das expectativas projetadas para o período do inverno no hemisfério norte. Mas um relatório aponta que há aumento nos casos ambulatoriais de gripe e de metapneumovírus humano (HMPV), com casos crescentes em crianças menores de 14 anos. Os casos de rinovírus estão em queda.
Para a OMS, já era esperado um aumento nos casos de infecções nos países do hemisfério norte durante as últimas semanas. No entanto, a entidade acredita que a circulação dos vírus poderá apresentar desafios ao sistema de saúde dos países.
O que é Metapneumovírus (HMPV)?
O metapneumovírus foi identificado pela primeira vez em 2001, por cientistas holandeses. Com a capacidade de infectar as vias respiratórias superiores e inferiores, o primeiro registro do HMPV no Brasil é de 2004. Segundo o Ministério da Saúde, trata-se de um patógeno conhecido no mundo e, geralmente, apresenta sintomas leves, como síndrome gripal.
Porém, o órgão pondera que há casos em que o paciente apresenta síndrome respiratória aguda grave, com necessidade de internação. Os sintomas podem piorar em pacientes adultos com sistema imunológico fraco, crianças e pessoas idosas.
De acordo com a American Lung Association, entidade dos EUA com foco em pesquisas sobre saúde respiratória: “Mesmo que um histórico de asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), enfisema ou qualquer outra doença pulmonar não torne uma pessoa mais propensa a contrair a doença, essas condições podem tornar os sintomas mais graves caso a infecção ocorra. Isso também é verdade para pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos, como pacientes em tratamento de quimioterapia ou que passaram por transplante de órgãos.”
Qual o diagnóstico e tratamento?
A contaminação por HMPV pode acontecer a partir de uma série de fatores. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC dos EUA) afirma que as pessoas podem ser infectadas pelo contato com secreções (seja por tosse ou espirro) e pelo contato com pessoas ou áreas contaminadas.
O período de incubação — tempo entre o primeiro contato com o HMPV e o surgimento dos sintomas — é estimado entre 3 e 6 dias. Nos casos com sintomas mais leves, a doença desaparece sozinha, durando entre 2 e 5 dias.
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Em situação de piora, com a sensação de falta de ar, tosse severa e dores no peito, é necessário procurar um médico. O profissional deverá analisar os sintomas, observando o histórico do paciente e, a partir dos exames laboratoriais — como o teste PCR —, apresentar o melhor tratamento. Ainda não há um tratamento antiviral específico ou vacina para o HMPV.
Nos raros casos de hospitalização, às vezes é necessária a realização de uma broncoscopia, um exame das vias aéreas por meio de uma pequena câmera inserida nos pulmões.
Prevenção
Segundo o Ministério da Saúde, a imunização contra influenza e Covid-19 ainda são as principais formas de cuidado para infecções respiratórias causadas por vírus como o HMPV. Como a principal forma de contaminação é pelo contato, também é indicado seguir as normas de precaução, como evitar contato com pessoas infectadas e sempre lavar as mãos.
Para pessoas que tenham sido contaminadas pelo vírus, é necessário evitar a disseminação, seja evitando tossir e espirrar com a boca descoberta ou tocando e compartilhando itens possivelmente contaminados. Utilizar máscaras de proteção e lavar bem as mãos também ajudam a conter a circulação do vírus.
Desde dezembro de 2024, a imunização contra Covid-19 passou a fazer parte do calendário nacional de vacinação de gestantes e idosos. Os esquemas vacinais para cada público estão detalhados no site do Ministério da Saúde.