O centro desbolsonarizado e 2026
JOTA.Info 2025-02-25
O centro é um conjunto de partidos que flutua entre a direita e a esquerda na trajetória política. Os principais partidos do centrão fazem parte do centro, quais sejam: União Brasil, PSD, MDB, Republicanos e PP. Ao contrário da eleição de 2022, observo que um candidato de centro à Presidência da República tem chances de vencer a eleição presidencial. Todavia, esse candidato não pode ser bolsonarizado.
Vislumbro o vindouro pleito presidencial sem a presença de Jair Bolsonaro, apesar da possibilidade de que ele insistirá até o último instante para ser candidato. Esse cenário pode prejudicar fortemente um candidato do centro, pois são vários os atores desse campo que insistem equivocadamente em seguir próximo a Bolsonaro.
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A direita bolsonarizada estará presente na vindoura disputa presidencial com um ou vários candidatos. Se todos os candidatos da direita insistirem na bolsonarização, a conjuntura de 2022 será repetida em 2026, ou seja, uma disputa entre lulistas e bolsonaristas. Tal conjuntura favorece fortemente à reeleição do presidente Lula ou de outro candidato do PT.
Por outro lado, se os partidos de centro optarem por desbolsonarizar o seu candidato, ele tornar-se-á competitivo e adquirirá chances de vencer a eleição, pois fugirá da polarização observada na eleição presidencial passada. Saliento também que o centro desbolsonarizado deve estar unido em torno de uma única candidatura.
Por que o candidato do centro pode vencer a vindoura eleição presidencial? Em 2022, Lula e Bolsonaro eram fortemente rejeitados. A previsão daquela eleição deveria considerar a simplória hipótese: o candidato que chegar no dia da eleição com a menor rejeição vencerá. E assim aconteceu! O atual presidente da República representava naquela época para parcela dos eleitores a única esperança para derrotar Bolsonaro. E o candidato do PL era a única esperança para derrotar o PT entre parte dos votantes.
Lula não era só a esperança contra o bolsonarismo. Milhões de eleitores tinham memória econômica positiva dos governos anterior de Lula (2003-2010). Memória positiva e esperança orientaram o voto no candidato do PT. Bolsonaro era o inimigo a ser derrotado, pois, como as pesquisas qualitativas mostravam à época, “ele foi horrível na pandemia e não trouxe conquistas econômicas”.
A conjuntura de 2026 tende a ser diferente da conjuntura de 2022. No futuro pleito, o bolsonarismo chegará rejeitado e sem a presença do seu principal líder, mas com vários candidatos bolsonaristas. O lulismo deve disputar com Lula e prevejo que a sua taxa de popularidade será suficiente para lhe colocar no turno final.
Mas, ao contrário de 2022, Lula não será mais a esperança contra Bolsonaro, caso exista o candidato de centro desbolsonarizado; e a memória de parcela dos eleitores estará recheada das seguintes expressões negativas, de acordo com recentes pesquisas qualitativas: “Lula já foi bom”, “Sou anti-PT”, “Está tudo muito caro”, “Lula dá com uma mão e tira com a outra (corrupção)”.
Além disto, dois novos sujeitos sociais estarão intensamente presentes na próxima eleição: evangélicos e empreendedores. Os primeiros, desde 2018, revelam forte rejeição ao lulismo por motivos econômicos e morais. Já os segundos – e muitos deles são evangélicos – reclamam da alta carga tributária e acreditam no esforço individual como vetor da prosperidade.