Alexandre Padilha retorna à Saúde com objetivo de criar marca de governo

JOTA.Info 2025-03-05

O médico infectologista Alexandre Padilha refaz, agora, o movimento que fez entre 2010 e 2011: deixa o comando da Secretaria de Relações Institucionais para novamente assumir o Ministério da Saúde. Desta vez, ele também repete uma missão que teve à frente da Saúde, a de criar uma marca de governo. Em momento de baixa popularidade do governo Lula, a Saúde é tida como possibilidade de vitrine.

A passagem de Padilha no governo Dilma Rousseff no comando do ministério foi marcada por dois programas: Aqui Tem Farmácia Popular e Mais Médicos. Ambos tornaram-se conhecidos e tiveram uma boa receptividade entre população. No caso do Aqui Tem Farmácia Popular, a boa avaliação ocorreu também entre integrantes da classe média.

Articulação política

A troca no Ministério da Saúde é vista como uma solução para acomodar Alexandre Padilha, que tinha como certa sua saída da articulação política. Desde os primeiros seis meses de governo Lula, as críticas à sua gestão na Secretaria de Relações Institucionais são uma constante no governo. A crise foi escancarada em junho de 2023, quando a Câmara dos Deputados derrubou o marco do saneamento básico e aprovou o marco temporal das terras indígenas — duas pautas contrárias à agenda do governo Lula.

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À época, o então presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) tornou pública a primeira rusga com Padilha e disse que as lideranças do governo deveriam “andar com as próprias pernas”. A principal queixa a Padilha era de que ele fazia verbalmente um acordo com os parlamentares, que envolviam cargos e liberação de emendas, mas não cumpria.

Nos 18 meses que se seguiram, a relação entre Padilha e Lira tornou-se cada vez mais distante, com ápice em abril de 2024. À imprensa, o deputado alagoano se referiu ao ministro como “desafeto pessoal”, o chamou de “incompetente” e disse ser “lamentável” que integrantes do governo ficassem “plantando mentiras”. Após o embate, Padilha negou crise e as queixas públicas se amenizaram.

Nos últimos meses, Padilha se tornou novamente alvo de críticas por causa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o pagamento de emendas, exigindo maior transparência. Inicialmente, parlamentares o acusaram de ter atuado para que houvesse o bloqueio e depois exigiram que ele buscasse uma solução, mas o ministro evitou entrar diretamente no conflito.

Padilha também foi alvo de críticas do próprio partido, especialmente por causa de derrotas nas pautas econômicas. Ainda assim, ele seguiu no cargo com respaldo do presidente Lula, que o vê como aliado de primeira hora, confiável e tem reconhecimento pela história de Padilha no PT. Em momentos difíceis do partido, como no impeachment de Dilma Rousseff e na prisão de Lula, Padilha esteve presente e fez ampla defesa dos correligionários.