Justiça com as próprias mãos – Episódio final do Paredes São de Vidro
JOTA.Info 2025-03-30
Em 2005, quando o escândalo do mensalão veio à tona, o Supremo Tribunal Federal (STF) nunca havia condenado um político por crime. O julgamento, que só ocorreu em 2012, foi um marco inédito. Com transmissão ao vivo, transformou o Supremo em protagonista de um verdadeiro espetáculo midiático — e de uma nova fase na sua própria história. As consequências dessa exposição são o foco do episódio final da terceira temporada do Paredes São de Vidro.
Ao longo da temporada, o podcast explorou como o STF deixou de ser um ator coadjuvante no sistema de poder brasileiro. Um dos exemplos citados é o caso do ex-deputado Hildebrando Paschoal, acusado de ter esquartejado uma pessoa com uma motosserra, mas protegido por um dispositivo constitucional que exigia autorização da Câmara para que ele fosse processado. Apesar das provas, a Casa se recusava a abrir esse precedente.
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Foi só em 2001, dois anos após a cassação de Hildebrando por quebra de decoro parlamentar, que o Congresso abriu mão desse tipo de blindagem. Desde então, parlamentares passaram a poder ser investigados e julgados diretamente pelo Supremo. O episódio também analisa o impacto do julgamento do mensalão e o que veio depois que a ação penal foi concluída.
“O Supremo realmente estava no auge. Mas o futuro não tinha nada de promissor. Ao contrário”, comenta Felipe Recondo, diretor de Conteúdo do JOTA e apresentador do podcast. “Desde o mensalão, a desconfiança pública sobre as decisões e motivações dos ministros nunca mais saiu de cena.”
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A exposição intensa revelou divisões políticas internas e interesses individuais, que abalaram a imagem do Tribunal. “Este é o Supremo dos nossos tempos. Não voltará a ser aquele tribunal discreto, que evitava exercer seu poder constitucional.” O episódio analisa, com base em casos concretos, como a Corte enfrentou suas crises e se reestruturou.
Esta temporada do Paredes São de Vidro tem roteiro de Felipe Recondo e Diego Werneck Arguelhes, professor de Direito Constitucional do Insper. A edição é de Eduardo Gomes, e a produção investigativa foi feita pelo editor Roberto Maltchik.