Ciro Nogueira diz que Bolsonaro o orientou a fazer a transição ‘da melhor forma possível’
JOTA.Info 2025-05-30
Responsável pela transição do governo de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi a segunda testemunha de defesa do ex-presidente a ser ouvida nesta sexta-feira (30/5) no Supremo Tribunal Federal (STF) na ação sobre a tentativa de golpe em 2022. O parlamentar afirmou que Bolsonaro o orientou a fazer a transição da “melhor forma possível” e, “em momento nenhum, quis obstaculizar a situação”. Ainda, disse que Bolsonaro não tinha intenção de ruptura institucional e que não incitou os atos de 8 de janeiro.
Contudo, segundo Nogueira, o ex-presidente não participou atentamente deste processo e incumbiu a Casa Civil dessa tarefa – à época, o senador era o responsável pela pasta. “Por determinação de Bolsonaro, a Casa Civil ficou com a coordenação da equipe de transição para que a gente fornecesse todos os dados necessários para que a nova equipe tivesse acesso público à situação do país”, disse.
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Nogueira reforçou o clima de “normalidade” na transição e afirmou que ia ao Palácio da Alvorada para informar Bolsonaro sobre a transição. Segundo ele, o ex-presidente estava deprimido e com um problema de saúde na perna.
O senador contou que ele e a equipe de transição ficaram “decepcionados” pela falta de interesse da equipe de Lula pela situação do país e até chegou a conversar com Bolsonaro sobre essa impressão.
Sequência de depoimentos
Ainda na manhã desta sexta-feira (30/5) foi ouvido o deputado distrital João Hermeto de Oliveira Neto (MDB-DF), relator da CPI dos atos de 8 de janeiro na Câmara Legislativa do Distrito Federal. O parlamentar afirmou que não indiciou o ex-secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres porque ele estava viajando durante os atos de 8 de janeiro de 2023 e entendeu que o subsecretário Fernando de Sousa Oliveira estava com plenos poderes e as forças de segurança se reportavam a ele.
Hermeto disse que no dia 6 de janeiro, antes de viajar para os Estados Unidos, Anderson Torres se reuniu com o general Gustavo Dutra, que era chefe do Comando Militar do Planalto no período de 8 de janeiro, e recebeu a informação de que os acampamentos em portas de quartéis generais estavam se desmobilizando. O parlamentar contou que Dutra apresentou fotos do acampamento do QG e informou que havia pouca adesão. Segundo ele, o relatório apresentado a Torres amenizava a situação que levou ao 8 de janeiro.
O senador Esperidião Amin (PP-SC) também foi ouvido. Ele reforçou que existe um relatório da Polícia Federal com recomendação para a impressão do voto para fins de auditoria.