Rejeição recorde do governo aumenta incerteza para 2026 e embaralha oposição
JOTA.Info 2025-06-06
Enfim, é sexta-feira. O cenário eleitoral para o ano que vem acaba de ficar mais incerto. E, nos Estados Unidos, Musk e Trump — sempre eles — trocaram acusações publicamente, cada um em sua própria rede social.
🚨 No domingo (8), líderes do Congresso se reúnem com o governo para tentar um acordo e resolver a crise gerada com o aumento do IOF. Voltamos na segunda (9).
Boa leitura!
1. O ponto central: ⚽ Meio de campo embolado
A pesquisa de intenção de votos Genial/Quaest divulgada nesta quinta (5) mostra Lula em empate técnico com os principais adversários em cenários de segundo turno.
- Tarcísio de Freitas (Republicanos)
- Michelle Bolsonaro (PL)
- Ratinho Júnior (PSD)
O que mudou: Pela primeira vez na série, a rejeição ao governo começa a se converter em perda efetiva de votos para o presidente, ameaçando a aliança que garantiu sua vitória em 2022.
O contexto: A 500 dias do segundo turno, a disputa está mais aberta, com reorganização de forças políticas. O mercado já precifica possível derrota de Lula, reagindo com alívio no câmbio.
Fator Kassab: O PSD se fortalece com nomes relevantes.
- Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS) como governadores.
- O próprio Kassab, que ocupa cargo no secretariado de Tarcísio (SP).
- O partido ganha poder de barganha para negociações de chapas presidenciais.
⚡ Choque de realidade: Existem também outras interpretações mais positivas para Lula, com tanta gente pontuando bem.
- Estamos de novo diante da já conhecida polarização entre o Lulismo/petismo e o antilulismo/antipetismo, sendo o Lula a única força política de fato real, viável para esta eleição — já que Bolsonaro não estará apto a concorrer. Ou seja, a tanto tempo das eleições, qualquer um que representar o anti-Lula deve pontuar bem.
- Sem clareza no campo oposicionista sobre quem seria o candidato mais competitivo, negociações de alianças ficam prejudicadas, já que ninguém teria motivos para abrir mão por outra candidatura. Se todo mundo é pré-candidato hoje, corre-se o risco de, em abril, ninguém ser.
2. Mais deputados

Davi Alcolumbre disse nesta quinta (5) que pretende votar até 30 de junho o projeto que aumenta o número de deputados de 513 para 531. O presidente do Senado quer deliberar o texto aprovado da forma como veio da Câmara, Mariana Ribas escreve no JOTA.
- “Eu vou trabalhar para, a partir da semana que vem, conversar com as lideranças partidárias, conversar com os senadores individualmente, e o meu desejo é colocar na pauta esta matéria antes do período determinado pela decisão judicial, para que a gente possa fazer valer para o próximo ano nas eleições.”
Panorama: Em 2023, o STF fixou prazo de até 30 de junho deste ano para que o Congresso edite uma lei complementar que revise a distribuição do número de cadeiras de deputados com base em dados populacionais atualizados.
3. Tributação de controladas no exterior

O STF retoma o julgamento do RE 870.214, que discute a tributação de lucros de empresas controladas no exterior. Nunes Marques é o próximo a votar.
Por que importa: A Receita Federal estima um risco fiscal de R$ 22 bilhões em caso de derrota, mas o impacto pode chegar a R$ 32 bilhões se a Vale conseguir recuperar valores já parcelados.
Os detalhes:
- O placar está em 2 a 1 pela possibilidade de tributação, com votos de Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes favoráveis à cobrança.
- O ministro André Mendonça, relator, votou contra a tributação, entendendo que ela violaria tratados internacionais.
- Vale busca evitar a cobrança de IRPJ e CSLL sobre resultados de controladas na Bélgica, na Dinamarca e em Luxemburgo.
Pela frente:
- Fontes próximas do processo aguardam que um pedido de vista suspenda a análise do recurso novamente. A percepção é de que alguns ministros devem querer mais tempo para analisar a matéria “até que os entendimentos estejam mais maduros”.
- Fontes tanto do lado dos contribuintes como da Fazenda acham difícil apontar uma tendência, já que quase não existem posicionamentos anteriores dos ministros sobre a matéria.
4. PL de IA e o governo

Relator do projeto de marco regulatório de inteligência artificial, o deputado Aguinaldo Ribeiro escolheu o Ministério da Fazenda como principal representante do governo nas discussões.
Por que importa: A escolha marca uma mudança significativa, já que a Secretaria de Políticas Digitais (Secom) liderava as articulações. O secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, que teve papel crucial na unificação da posição do governo, será o porta-voz.
Vale lembrar… Durigan, que é advogado público, antes de voltar ao governo era o líder de relações governamentais do WhatsApp, da Meta. Ele tem boa interlocução com as grandes empresas de tecnologia e conhecimento sobre o tema.
O que observar: A Fazenda, que anteriormente não participava diretamente das negociações com parlamentares, agora assume papel central nas discussões sobre regulação da IA no Brasil.
5. Musk vs. Trump

A relação entre Donald Trump e Elon Musk terminou em uma explosão de ofensas, nesta quinta (5), dias após o empresário receber uma homenagem no Salão Oval da Casa Branca.
🔥 O que aconteceu: Cada um em sua própria plataforma — Musk no X (ex-Twitter) e Trump no Truth Social —, os dois bilionários escalaram acusações em tempo real.
- Após sair do governo, Musk chamou de “abominação” o projeto de lei que Trump e os republicanos buscam aprovar no Legislativo e que deve aumentar o déficit dos Estados Unidos.
- Na quinta (5), ele tuitou que o projeto deveria ser enterrado.
- Em entrevista coletiva, Trump disse estar “decepcionado” com Elon.
- “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”, escreveu o empresário logo na sequência, também alegando decepção.
- No Truth Social, o presidente escreveu que o jeito mais fácil de diminuir os gastos do governo seria cancelar subsídios e contratos do governo com empresas de Elon.
- “É hora de largar a grande bomba”, escreveu então o empresário.
- Em seguida, ele publicou que o governo não divulgou uma suposta lista de frequentadores da ilha de Jeffrey Epstein (1953–2019), empresário condenado por exploração sexual de menores, porque o nome de Trump estaria nela.
🥊 Choque de realidade: A imprensa americana já tratava o rompimento entre Musk e Trump — dois homens que não são conhecidos por capitular — como uma questão de “quando”, não de “se”.
6. IA de código aberto na China

O Qwen, modelo de IA de código aberto da chinesa Alibaba, supera o concorrente Llama, da Meta, nos principais indicadores de desempenho.
Por que importa: O sucesso do Qwen e do DeepSeek, outro modelo de IA de código aberto desenvolvido na China, é exemplo de como o país asiático tem liderado uma importante frente na disputa com os Estados Unidos pela influência global no setor, mostra reportagem do site especializado The Information (sem paywall).
Panorama: Além das seis unidades de negócios do Alibaba, que incluem o Alibaba Cloud, 290 mil clientes em todo o mundo já utilizam o modelo Qwen em aplicações para diferentes setores, como automotivo, saúde, educação e agricultura, segundo dados de janeiro.
🗣️ O que estão dizendo:
- “A aposta em modelos de IA de código aberto pode permitir que as empresas chinesas tenham impacto global. Os modelos populares de código aberto se aproveitam do conhecimento coletivo de programadores e pesquisadores de todo o mundo, e o feedback constante dessas comunidades ajuda a acelerar melhorias” — Martin Saerbeck, cofundador e CTO da Aiquris, empresa de Singapura que auxilia negócios a adotar IA e gerenciar riscos, em entrevista ao The Information.
Sim, mas… Tanto o governo Trump como o de Joe Biden buscaram formas de limitar o acesso de empresas chinesas a componentes para desenvolvimento de IA, como os chips mais avançados da Nvidia. Leia no New York Times (sem paywall).
- Há duas semanas, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, opinou que o tiro saiu pela culatra.
- Em discurso público, ele disse que a estratégia dos Estados Unidos deu às empresas chinesas “a energia e o apoio governamental para acelerar seu desenvolvimento”.
- Apesar de não terem chips tão eficientes quanto os da Nvidia, empresas chinesas como a Huawei ganharam mercado por lá.
7. Estreia morna

O Brasil ficou no 0 a 0 contra o Equador, na estreia de Carlo Ancelotti como técnico da seleção masculina. O jogo ficou marcado pelos retornos de Casemiro e Richarlison e pela boa estreia do zagueiro Alexsandro, do Lille-FRA.
Por que importa: Caso o Brasil marque amistosos em todas as Datas Fifa, faltam só nove jogos até a Copa do Mundo do ano que vem — contando o da próxima terça (10), contra o Paraguai, na NeoQuímica Arena, em São Paulo.
8. 📸 Despedida: Viva São João!

É tempo de dançar quadrilha, tomar quentão e comer tudo o que for feito de milho. Viva São João!