Secretário dos EUA diz que produtos não cultivados no país poderão ter tarifa zero
JOTA.Info 2025-07-29
A três dias de a tarifa de 50% a produtos brasileiros entrar em vigor, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que produtos não produzidos pelos Estados Unidos podem ficar fora do escopo da taxação. Em entrevista à CNBC Internacional, ele mencionou que a isenção valeria para produtos como manga, cacau, café e abacaxi.
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Lutnick categorizou esses produtos como “recurso naturais” e não citou nenhum país exportador que seria beneficiado pela tarifa zero.
“São recursos naturais. Quando o presidente faz um acordo, ele inclui que, se você produz algo, e a gente não, isso pode vir por [tarifa] zero. Se vamos negociar com um país que produz manga ou abacaxi, então eles podem entrar sem tarifa. Café, coco são outros exemplos de recursos naturais”, disse.
O Brasil é o maior exportador de café e laranja para os Estados Unidos. Uma das propostas do governo brasileiro era a de sugerir a exclusão de alguns produtos, como o café e suco de laranja. Os dois produtos estão entre os que mais devem ser atingidos pelo tarifaço.
O setor de suco de laranja, por exemplo, pode ter prejuízo anual de R$ 4,5 bilhões com a imposição da tarifa de 50%, segundo a Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos (Citrus BR), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O secretário fez essa fala sobre a tarifa zero para “recursos naturais” enquanto comentava as negociações com a União Europeia. Os dois países fecharam um acordo para reduzir as tarifas de 30% para 15%. Lutnick afirmou ainda que há outros pontos na mesa a serem negociados e assegurou que “para os demais países, teremos tudo pronto até sexta-feira (1/8)”.
Diálogo com Brasil
Na semana passada, Howard Lutnick recebeu o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que se dispôs a negociar, falou em aumentar o comércio entre os dois lados e ampliar a integração econômica com mais investimentos. Mencionou até um acordo para evitar a bitributação. A primeira tentativa neste sentido ocorreu em 1967, quando os dois países até chegaram a um entendimento, que esbarrou no Congresso americano e nos próprios interesses brasileiros. Ainda assim, Alckmin não teve resposta.
O governo brasileiro dá como certa a aplicação da tarifa a partir de 1/8. Por mais que o Brasil esteja disposto a negociar a pauta econômico-comercial, a Casa Branca não abriu canais, como fez com os seis países com quem chegou a acordos, ou com os outros quase 20 com quem continua negociando. Todos estarão sujeitos a uma nova tarifa — e o novo normal será a de um patamar mínimo de 15% — e terão de dobrar-se a exigências americanas. Mas, no caso brasileiro, excepcionalmente, foi incluído um jabuti político-institucional.