‘Negociação não terminou hoje, ela começa hoje’, diz Alckmin sobre tarifas de Trump
JOTA.Info 2025-07-31
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quinta-feira (31/7) que “a negociação [sobre o tarifaço] não terminou, ela começa hoje”. Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), considerou a oficialização da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros um “perde-perde”.
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“Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos”, resumiu durante participação no programa matinal Mais Você, de Ana Maria Braga. Segundo Alckmin, cerca de 35,9% das exportações brasileiras serão afetadas pela tarifa.
Um dos produtos que ficará mais caro para os Estados Unidos é o café. “Vamos trabalhar com os EUA, pois é um grande consumidor de café. E eles tomam aquele café grandão, eles precisam do nosso café arábica para o blend”, disse.
Além de buscar negociar o café, o vice-presidente disse que trabalhará para que o governo americano isente outras frutas, além do suco de laranja, como a manga. Ainda segundo Alckmin, o governo organiza um plano para evitar demissões em massa com foco na proteção de empregos e nos setores mais afetados, como a indústria.
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Na quarta-feira (30/7), ao formalizar a aplicação de tarifas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, excluiu quase 700 produtos, como aeronaves, petróleo e alumínio. A lista de exceções foi maior que a esperada pelo Palácio do Planalto e, apesar das dificuldades, foi interpretada como uma porta para negociação.
Na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o cenário aponta um “melhor ponto de partida” para as negociações. “Algumas das nossas observações foram apreciadas e contempladas, mas estamos longe do ponto de chegada. Estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada”, disse nesta manhã.
Para Haddad, há correções há serem feitas e há setores que não precisariam estar sendo afetados. “Nenhum a rigor, mas há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente”, disse.
Café, frutas e móveis amargarão tarifaço; aeronáutica e automotivos escaparam
Além do café, as novas tarifas impostas por Trump devem impactar a carne bovina, segundo produto brasileiro mais enviado ao país. As frutas, calçados e móveis também terão sua competitividade comprometida pelos custos adicionais. A indústria têxtil teve a isenção de itens específicos, como fios de sisal para enfardamento e produtos destinados a aeronaves civis, mas, de forma geral, não escapará da tributação.
Alguns setores estratégicos conseguiram escapar da medida. Entre os beneficiados estão os segmentos aeronáutico e automotivo, além de partes da indústria energética, do agronegócio, da mineração e da eletrônica.
A indústria aeronáutica, por exemplo, foi integralmente poupada, com isenção para aeronaves completas, peças, motores, subconjuntos e até simuladores de voo. Já no setor energético, itens como petróleo, gás natural, querosene, betume e até energia elétrica também permaneceram livres de sobretaxa.
Trump oficializa tarifas
No anúncio de oficialização das medidas, Trump classificou a decisão como uma “resposta a políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
O presidente afirmou ainda que se houver retaliação por parte do Brasil, a tarifa poderá ser elevada proporcionalmente. Por fim, reforça que se o país “adotar medidas significativas para resolver a emergência e alinhar-se aos EUA”, a imposição de tarifa poderá ser ajustada.
O ministro Alexandre de Moraes foi nominalmente citado como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de opositores políticos, proteger aliados corruptos e reprimir dissidências, muitas vezes em coordenação com outros membros do STF, em detrimento das empresas dos EUA que operam no Brasil”.