Negativa à PEC da Segurança tem viés político, diz governador do ES

JOTA.Info 2025-11-24

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), defendeu, nesta segunda-feira (24/11), a necessidade de integração entre organizações de segurança pública no combate ao crime organizado. Durante o evento Economia Legal, promovido pelo JOTA, o governador citou a PEC da Segurança como exemplo de um possível movimento para integração e a necessidade de garantir instituições robustas que não estejam suscetíveis a ideologias de governos diversos. Para o combate a facções criminosas, Casagrande ainda adicionou a necessidade de políticas públicas atreladas ao confronto.

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Ao falar sobre a operação Carbono Oculto, o governador enfatizou como a integração de instituições de segurança promovem ações efetivas para deflagrar o crime organizado. No Espírito Santo, Casagrande mencionou o programa Estado Presente, que atua em duas frentes para combater a criminalidade violenta e promover a segurança. O programa, segundo ele, tem como objetivo reduzir homicídios e outros crimes em áreas vulneráveis por meio de estratégias de inteligência, planejamento e atuação policial integrada.

Assista à íntegra da entrevista

Para ele, “segurança pública é uma ação que envolve, para além das forças de segurança”, sendo fundamental que além da integração, as instituições estejam fortes e acima das “questões ideológicas”. “As instituições não podem estar suscetíveis a um rompante ideológico, a gente tem muito a avançar com relação ao fortalecimento institucional, mas já é possível ver em diversos estados, no Ministério da Justiça, na Polícia Federal, esse nível de articulação, de integração que envolve para além da Força de Segurança, envolve o Ministério Público Federal, o Governo Federal e envolve o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)”, disse.

Casagrande acrescentou que o governo federal “não tem como ficar ausente” do combate ao crime organizado. “O governo propôs uma emenda à Constituição para ter um protagonismo maior nesse tema da segurança pública e é natural que isso aconteça”, pontuou. Para ele, “há, sim, a necessidade da União, como um poder central de forma mais protagonista neste tema, já que as organizações são hoje internacionais e atuam nacionalmente”.

‘Viés político’

Na avaliação do governador, as movimentações contrárias à PEC da Segurança “são contra basicamente por um conteúdo político, por um viés político. Não tem mérito, não tem nada no texto que possa atrapalhar o nosso trabalho”, afirmou. “A gente tem que tentar avançar com a PEC da segurança, tentar avançar com instrumentos que possam fortalecer institucionalmente ainda mais a ação no combate a essas ações criminosas”, acrescentou.

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As megaoperações, diz ele, são “um espetáculo que você faz ali, dá uma grande reprodução”, mas o essencial é focar “nos passos seguintes”. Isso porque, a segurança pública e o combate ao crime organizado são um “trabalho permanente”. Os resultados de sucesso, para o governador, não podem ser “só o número de pessoas que perderam a vida”.

Casagrande entende que o combate ao crime deve ser movido por dois pilares: o da segurança e o social. Segundo ele, a atuação deve começar em “áreas vulneráveis com o maior indicador de criminalidade, especialmente de crime contra a vida”, para que ao investir em assistência social, em projetos de esporte e na educação, por exemplo, o índice de criminalidade diminua. Apesar disso, ele pontua que “não se pode pensar de forma poética que nós vamos resolver o problema da segurança pública, da criminalidade só com o serviço social. A gente tem que ter polícia e polícia muito bem treinada para combater o crime”. “Então é preciso saber que vai ter confronto”, afirma.

Eleitoralmente, o governador avalia que segurança pública será uma pauta forte para a corrida ao Planalto, já que os discursos “simplistas sobre as operações, de ‘bandido bom é bandido morto’” utilizados por possíveis candidatos, “tem plateia e aplausos”. “Vai ser um debate que tem que ser mais estruturado, para a gente poder fortalecer as instituições, fazer um trabalho de integração, entre as forças de segurança, o trabalho forte entre o governo federal e os governos regionais e locais”, pontuou.