Presidente da Petrobras está na mira de Bolsonaro, com apoio do centrão
JOTA.Info 2022-03-18
A semana política foi bastante movimentada, com a campanha eleitoral pegando fogo e a Petrobras no olho do furacão porque, como avisamos na semana passada, o aumento dos combustíveis acabou interrompendo a trajetória de recuperação da popularidade de Bolsonaro.
Além das medidas aprovadas pelo Congresso, sobretudo o PLP 11, que mexe no ICMS dos Estados, o governo discute mudanças na principal estatal brasileira enquanto observa o vaivém do preço do petróleo, muito impactado pela guerra na Ucrânia.
O presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, está literalmente na mira do presidente com o apoio integral do centrão, que já tem até um candidato para o seu lugar: o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim.
No Planalto, há algumas preocupações em discussão: primeiro, a nova mudança no comando da Petrobras traria repercussões econômicas, sobretudo gerando mais desconfiança em relação à intervenção política nos preços, afetando a credibilidade da empresa. Inclusive, suas ações já começam a perder valor.
Mercado mais tenso com o populismo nas contas públicas e isso, em médio prazo, pode ser sinônimo de mais inflação exatamente no momento mais crítico da campanha eleitoral, ali na metade do ano.
Também tem muita gente no governo preocupada com a retomada do controle do centrão, ou seja, dos partidos políticos, nos postos importantes da estatal. Diretorias nas mãos de indicados por políticos, presidente apadrinhado pelo centrão. Isso significa a volta do fantasma do Petrolão para um governo que se diz opositor do modelo implementado por Lula para as estatais e que sabemos como terminou na Lava-Jato.
Enquanto isso, na sucessão presidencial, algumas notícias importantes da semana: Geraldo Alckmin vai se filiar ao PSB na próxima semana. Dia 23, em Brasília, haverá um grande ato para celebrar a entrada do ex-governador paulista no partido socialista para ser vice de Lula — o que deverá ser confirmado só em abril.
E o mais relevante: Bolsonaro disputando com os governadores para ver quem decreta primeiro o “fim” da pandemia. O presidente, que sabe o peso da crise sanitária na sua popularidade, disse que dia 31 o Ministério da Saúde vai mudar o status da pandemia para endemia –embora tecnicamente essa medida caiba aos organismos internacionais. E Doria assumindo mais uma vez a dianteira das ações midiáticas e liberando o uso das máscaras até em lugares fechados. Governadores de quase todos os estados estão seguindo essa linha.
No fim, a gente sabe que nessas decisões da crise sanitária, o que prevalece é a ciência. A ciência política.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sexta-feiras.