Construindo networking de valor no mundo jurídico

Muitas pessoas negligenciam a importância de construir uma boa rede de relacionamento, deixando de se beneficiar de uma poderosa ferramenta de expansão profissional. Desenvolver networking pode alavancar uma infinidade de novas oportunidades. 

Conectar-se com outras pessoas pode ser mais fácil do que você imagina! Antes mesmo do advento das redes sociais, um estudo demonstrou que qualquer pessoa no planeta poderia chegar a outra pessoa a partir de, no máximo, cinco conexões^[1]. Isso significa que, se quiser, você pode acessar qualquer pessoa no mundo, porque há alguém que você conhece, que conhece outro alguém, que pode te levar a quem você deseja com a ajuda de apenas mais três pessoas.  

Com o advento da internet, se conectar a outros indivíduos ficou ainda mais fácil, o que não significa dizer que se saiba fazer uso disso da maneira mais eficaz.  

Para que fazer networking?

Como diz o velho ditado: “sozinhos vamos mais rápido e juntos vamos mais longe”.  

De acordo com a sua história de vida e posição atual, você tem acesso a oportunidades que não estão ao alcance de outras pessoas.  

Digamos, por exemplo, que você fique sabendo de uma vaga de emprego. Ainda que não seja interessante para você, pode “cair como uma luva” para alguém que você conhece. Porém, esta pessoa não ficará sabendo da vaga, a menos você conte para ela.  

Da mesma forma, existe um universo de pessoas com acesso a informações valiosas, as quais você não tem como saber, a não ser que você esteja no “radar” delas. E cada uma dessas pessoas tem outras redes de relacionamento que também podem ser interessantes para você! 

Imagine a potência de multiplicar o acesso a esses dados de modo que várias pessoas possam contribuir mutuamente e se beneficiar de todas essas oportunidades disponíveis?  

A esse emaranhado de pessoas que se ajudam mutuamente chamamos networking, rede de relacionamento ou rede de apoio. 

Por que construir redes de relacionamento? 

Rob Yeung, em seu livro As regras do networking, alerta que é possível que você conheça pessoas que foram promovidas para melhores posições que a sua, sem serem necessariamente melhores do que você. Se parar para pensar, perceberá que, provavelmente, são pessoas com ótimos relacionamentos e que divulgam suas conquistas. Não são melhores do que você, mas dão a impressão de serem. E tendo sido notadas, foram promovidas ou contratadas. 

Yeung afirma que ser promovido não é algo “passivo”, porque, no final das contas, “você não é promovido, você se promove”! 

E não para por aí: os salários também são estabelecidos de forma subjetiva e os que ganham os maiores salários acabam sendo aqueles que circulam mais. 

Além disso, tendo uma boa rede de relacionamento, os headhunters chegarão até você ou você pode ser indicado por um colega que foi trabalhar em outra empresa. A verdade é que se existirem vagas disponíveis, o seu networking o levará até elas, desde que você se faça perceber! 

Dito de outra forma: fazer networking é garantir que seu nome seja lembrado por muitas pessoas falando bem de você. E isso vai acontecer à medida que você for ampliando seu contato com o máximo de conexões possível e mandar mensagens consistentes sobre quem você é e o que você faz.  

Segundo Yeung, é um grande equívoco pensar que um produto se vende por si só. E isso também vale para pessoas! 

Como construir sua rede de relacionamento?

Fazer networking é uma habilidade que pode ser desenvolvida, independentemente de você ser extrovertido^[2]. Como qualquer estratégia, demanda método e disciplina. Separe tempo para estabelecer contatos, de maneira rotineira e consistente.  

Segundo Yeung, existem várias maneiras de realizar networking, dentre as quais contratar um mentor ou se aproximar de pessoas em outras organizações que têm a mesma atividade que você e falar sobre o que você faz. 

Mas não limite seus contatos a pessoas do seu círculo profissional ou que aparentemente possam lhe gerar benefícios. Grandes oportunidades surgem por meio de sujeitos aleatórios, já que estes têm outras redes de contatos das quais você não faz ideia. 

Você pode construir sua rede conhecendo novas pessoas ou retomando contato com as que já conheceu. À medida que o tempo passa, as suas conexões vão se qualificando, seja por terem novas experiências ou por ocuparem novas posições. Assim, aquela sua amizade do colegial ainda pode te abrir muitas portas! 

Ajudar para ser ajudado 

Uma das coisas mais importantes sobre criar uma rede é que precisa ser recíproca e genuína. Genuína, porque as pessoas perceberão se você as estiver procurando apenas para obter vantagens e recíproca, porque você precisa demonstrar disponibilidade e generosidade para contribuir com a sua rede e não apenas para extrair benefícios dela. 

Quando quiser ampliar sua rede, procure pensar primeiro em que como você pode ser útil àquela conexão e não o contrário! 

Estudos comprovaram que pessoas que são “doadoras” de oportunidades obtém melhores resultados a longo prazo do que aquelas que são “tomadoras” de vantagens, ainda que essas pareçam se beneficiar mais no curto prazo^[3].  

Existe uma outra maneira de contribuir com a sua rede, que é ajudar a construir conexões entre pessoas que não se conhecem. Quando em contato com um contato, você pode identificar uma oportunidade que possa ser útil para alguém. Pode ser algo que só você seja capaz de ver, porque talvez só você conheça aquelas duas pessoas e consiga identificar a combinação “oportunidade x necessidade”. 

Lembre-se: Quando você ajuda a sua rede, automaticamente nasce o desejo na sua rede de retribuir a sua contribuição. Por isso, quanto mais disponível você for para ajudar, mais chances terá de ser lembrado! 

Construindo relações de confiança 

A sua rede de relacionamento deve ser vista como um ativo de longo prazo. Para estabelecer confiança, é preciso tempo e dedicação. 

Yeung diz que as pessoas compram um produto ou serviço quando alguém em que elas confiam diz que aquele produto ou serviço é bom. É isso que faz da rede de relacionamento uma ferramenta tão poderosa! 

Atenção: Confiança não nasce do dia para a noite. Então não tente acelerar o processo! Se você já chega fazendo uma oferta de serviço ou produto, a tendência é que ocorra o efeito contrário e a pessoa acabe se fechando à sua aproximação. 

Tome também cuidado para não buscar favores junto a um contato antigo, cuja relação você não nutre há anos, se aproveitando da posição que ela ocupa neste momento. Você pode parecer um oportunista. 

É por isso a importância de disciplina e constância no cultivo dos relacionamentos, tanto os antigos, quanto os novos! 

Como começar um networking? 

Pense nas pessoas com as quais você gostaria de se conectar e para as quais você possa ser útil de alguma forma. 

Uma das regras de ouro do relacionamento é fazer com que a pessoa se sinta bem. Então estude um pouco sobre a pessoa e mostre interesse genuíno por ela. Observe aquilo que a pessoa realmente faz bem e traga isso à tona em forma de reconhecimento. Ouça o que a pessoa tem a dizer, demonstre curiosidade, faça perguntas (não invasivas), explore pontos de interesse em comum.  

O que fará de você um bom interlocutor e não um adulador é o fato de reconhecer méritos legítimos da outra pessoa. Se um elogio for falso, você será facilmente desmascarado. 

E por último, mas não menos importante: networking não é sobre ser interesseiro e sim sobre ser disponível para trocas frutíferas e duradouras para todas as pessoas envolvidas no processo. É sobre confiança, solidez e sustentabilidade das relações.  

Afinal, nutrir uma rede de relacionamentos é tudo, menos uma via de mão única.

[1] YEUNG, ROB. The rules of Networking. Marshall Cavendish Business and Cyan Communications Limited. 2006. 

[2] https://open.spotify.com/episode/5Nyr2YpLJyFpsvIrrZeHHZ?si=f-oGlqlbRQuQkWlDcprrsg&nd=1 acessado em 08/07/2023.

[3] GRANT, Adam. Give and Take, a revolutionary approach to success. In http://livre2.com/LIVREE/E1/E001021.pdf acessado em 08/07/2023.